segunda-feira, 25 de julho de 2011

"O mundo é de quem tem coragem."

"Jamais deixem alguém rir dos sonhos de vocês." Lucas Silveira.
"O que escrevo a seguir é um discurso para mim mesmo.
O que é prever o futuro, senão fabricá-lo com as próprias mãos?
Prever o futuro é moldá-lo com atitudes, inspiradas nos mais ousados sonhos. Não consigo lembrar de cabeça o nome de alguém que realizou seus sonhos sem ter, para isso, passado por todo tipo de obstáculos. E eu me encontro frente a uma antiga muralha que há anos se coloca em meu caminho. Paredes escorregadias de limo que não se deixam ser escaladas. Obstáculo. O que há do outro lado? Não sei. Mas não é do meu feitio ficar aqui, parado.
Digo isso porque há muito tempo conclui que não existe nada mais valioso do que um objetivo em mente. Um sonho, por que não? O sonho nada mais é do que uma realidade que pode assumir qualquer tamanho e forma que a gente conseguir imaginar. Se meus pensamentos conceberem uma jornada sem fim, sem objetivo aparente, ou até mesmo sem sentido, seria uma grande auto-traição não realizá-la. Não fomos dotados da capacidade de sonhar por acaso. Use-a.
Sejamos maiores. Tenhamos CORAGEM. Escrevo em maiúsculas por acreditar que essa é a única palavra que precisa realmente ficar nos olhos de quem está lendo isso. É uma luta em que ninguém vai entrar no ringue pela gente. NINGUÉM. Depender apenas dos próprios punhos é assustador, mas a cada obstáculo transposto, a gente aprende que – sempre – pode mais. O sangue que deixarmos espirrar será lembrança eterna do quão longe chegamos.
Eu sei qual é o meu futuro. Cabe a mim construí-lo.
A dor no peito daqueles que tiveram medo é infinitamente maior que a dor de quem tentou e caiu."
                                                                                          O Romance Está Em Apuros.

Hoje bateu uma vontade de postar um dos textos que eu mais gosto, então assim eu fiz.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Os mais velhos.

Estava esperando o ônibus, eu e minha melhor amiga. Uma velhinha surge. Cheia de sacolas, encasacada e com touca na cabeça, literalmente protegendo-se do frio.
Ela: Será que o ônibus demora para chegar?
Eu: Acho que não, faz um tempo já que estamos esperando.
Ela: Mas que bom, assim eu vou rápido e volto rápido, já que eu moro longe.
E ela puxava assunto. E sorria. E falava rápido. E se movimentava mais rápido ainda.
A cada palavra que ela dizia, um sorriso no seu rosto fazia-se presente. Deveria ter lá seus setenta anos e creio eu que bem vividos. Lúcida, querida. O sorriso dela me encantou. Saí do lugar onde estava sentada para dar espaço a ela, e ela ainda quis que eu e minha amiga ficássemos junto, afinal, “não saiam, tem lugar pra nóis trêis!” e mais um sorriso ela despertou. Eu tive vontade de apertar as suas bochechas e de abraçá-la. Que idosa mais querida. Tinha a animação de um adolescente e talvez até da minha idade. Uma disposição que eu nunca tive visto antes. Arrisco em dizer que por dentro ela era muito mais nova do que aparentava.
Cada algo que eu e minha amigas falávamos, ela nos observava e sorria. Virava a cabeça de lado e sorria, querendo que retribuíssemos o gesto. E foi o que fizemos. E fizemos muitas e demasiadas vezes.
Ela: Vocês olharam a previsão do tempo ontem de noite? Ainda bem que hoje tá mais quentinho. Porque tá muito frio, é. Muito frio...
Minha amiga: Verdade. Mas essa semana, o tempo vai melhorar e vai ficar mais quentinho...
E de novo a conversa ressurgia. E falava. E falava. E falava muito além do tempo e da temperatura.
Ela: Vocês são irmãnzes?
Eu e minha amiga: Não, somos só amigas.
Ela: Ah, muito parecidas, viu. Mas que bom ser parecida com as amigas. Vou contar pra vocês que outro dia na rua eu vi dois amigos, mas eram rapaizes, muito parecidos. Mas não eram nada de parentes, nada.
E sorria, com uma alegria de estar ali conversando conosco. Quando o ônibus chegou, ficou eufórica, falando alto: “Olha, chegou o ônibus! Esperou ter um monte de gente pra levar junto! Tchau, meninas! Muito obrigada pela conversa e pela companhia, viu.”
Mais uma vez, tivemos a vontade de abraçá-la. Fiquei pensando naquela Senhora por muito tempo. Ela conseguiu encantar o meu dia com o fato encantador do seu sorriso, ou até mesmo pelo seu jeito de falar “irmãs” e “rapazes”, ou por me mostrar tanta lucidez com tamanha idade. Fiquei feliz por ver uma idosa tão alegre e disposta. Gosto de ver positividade nos idosos. E fiquei pensando no quanto eles são importantes e em como as pessoas os tratam.
O idoso sempre é muito visto como “o chato”, “o irritante”. Quem causa irritação. Mas, não sei. Acho que todo mundo deveria valorizá-los de uma forma mais intensa. Alguém já parou pra pensar por quanta coisa um idoso já passou? Tudo o que vivemos, eles já viveram. Eles têm mais experiência, presenciaram mais momentos, pularam mais obstáculos. Deram vida aos nossos pais e consequentemente são fatores importantes que causaram a nossa existência. Por isso, acho fundamental que sejam respeitados. Mesmo que ele não escute direito ou não se norteie com mais facilidade. Eles devem ser tratados com paciência, como uma criança quando não entende o que dizemos. Eles merecem atenção e muitas vezes, até redobrada.
Não é motivo para que desprezemos porque fazem as coisas “erradas” ou não entendem algo facilmente. A idade aparece depois de um tempo. Ninguém gosta de ser tratado com indiferença, e eles são tão iguais quanto as crianças, jovens e adultos. Um idoso tem de ser respeitado, sempre. Seja ele lúcido, sagaz, perspicaz, “caduco”, engraçado, sério, bravo, feliz, ou contente. Eles têm importância para o mundo e sempre vão ter. Eles merecem ser respeitados, porque um dia também chegaremos ao lugar deles e perceberemos o quanto isso é importante. É muito essencial que saibamos que ninguém de nós vai chegar na velhice lembrando de tudo, com memória totalmente boa e entendendo absolutamente tudo.
Sente, converse, entenda, e, principalmente, escute muito das suas histórias e experiências. A certeza de que eles têm muitos contos interessantes para lhe contar, realmente é muito grande.  E, o mais importante de tudo: aproveite seus avós ao máximo, porque a possibilidade de que eles não estejam mais conosco do que qualquer outra pessoa, em breve, é ampla. Respeitando os idosos, estaremos respeitando e estando de bem com nós próprios.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Quando me amei de verdade."

"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome: auto estima. Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é autenticidade. Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de amadurecimento. Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é respeito. Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável: pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor próprio. Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é simplicidade. Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes. Hoje descobri a humildade. Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é plenitude. Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar, mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é saber viver."
Do Sempre Mestre, Charles Chaplin.

domingo, 3 de julho de 2011

Anjo de Quatro Patas.

           Foi num desses dias de inverno. Ou de outono, quem sabe. Não me recordo muito bem, mas foi numa estação fria do ano. O dia estava lindo. Típico dia de friagem que todo o gaúcho gosta, com sol. Excluindo, óbvio, o fato de estar ventando muito.
Por um momento esqueci-me dos meus compromissos. Estendi uma toalha de banho no chão e me dei por sentar no gramado de minha casa, frente às árvores e provavelmente embaixo de uma. O vento era gélido e os meus pensamentos continuavam vagando em minha mente – como sempre. Puxei meu livro de minha sacola azul marinho. De Volta para Casa, de John Grogan. Tirei o marca página que cobria a folha, 237. Prossegui a leitura.
Passaram-se cinco minutos. Fechei os olhos, fazendo de minha mente um ponto de reflexão. Sem intenção alguma, peguei no sono. Estava cansada demais. Na noite anterior, ocupei o horário de carga de dormir para dedicar-me ao estudo. Senti uma coceira na minha bochecha esquerda. Pensei que fosse só uma sensação, até que novamente a comichão se fez presente. Abri os olhos. Era o meu amigo de quatro patas.
Meu cachorro. Acariciei-o, passando a mão pelo seu pelo esbranquiçado, mais parecido com neve do que qualquer outra coisa. Meu urso polar particular. Instantes após, ele deitou-se sobre o chão e senti o seu focinho acomodando-se sobre minha perna direita. Olhei para ele, e ele imediatamente fixou os seus olhos em mim. Não moveu nem uma parte do seu corpo senão o rabo. Ele acenava, e acredito eu que era de felicidade. Sim, arrisco dizer que a minha companhia alimentava suas alegrias e de fato, meu canino, é um dos poucos seres que posso dizer isso, pois eu tenho a certeza de que o sentimento é totalmente recíproco.
Voltei a ler. Os olhos nas linhas tortas do livro, e o pensamento, agora, no meu animal. Estava sentindo a sua falta. Não era normal que ele não me acompanhasse, para qualquer lugar que fosse pela minha casa.
Fechei o livro, já não consegui mais concentrar-me. Esqueci de marcar a página que eu havia parado de ler, provavelmente próximas às poucas que eu tenha lido no momento, porque se bem me lembro peguei no sono muito breve.
Pensei no convívio com meu canino. Ainda posso lembrar do dia em que o vi pela primeira vez. Quando faleceu meu cachorro amigo inseparável, encontrei-me em estado de choque e um tanto quanto triste. Eu tinha nove anos e havia perdido uma parte de mim. É, uma parte, porque todos os seres que fazem parte de minha vida, automaticamente, são parte de mim. E meu anjo de quatro patas era uma parte muito grande. Foi difícil superar a sua perda.
Foi no mesmo dia de sua despedida que tive uma surpresa. Meu pai, ao contar sobre o que havia acontecido, disse-me para ir até o carro, pois nele teria um presente “muito especial”- nas palavras que ele utilizou - para mim. Fui até lá, abri a porta do carro. No chão do veículo, pude ver um filhotinho de cachorro. Akita Inu, cachorro sagrado do Japão, minha raça preferida. Parecia uma bolinha de neve, com o focinho totalmente de cor preta. Peguei-o no colo, tentando tomar as minhas dores pelo meu animal falecido. A partir daquele dia, a afeição que eu tive antes com o meu animal, se fez presente com o filhotinho.
Até hoje esse sentimento se faz presente em mim. Tenho demasiado amor por ele, e sei que ele por mim. Em tardes de trabalho, ele está ao meu lado, no meu quarto, fazendo-me companhia. Quando estou lendo em frente à lareira, ele também se faz presente. Segue-me quando caminho pelo jardim de casa. Quando ando pelo gramado, ele aparece por trás de mim e me surpreende com uma bela lambida na minha mão – sempre na esquerda – para que eu note a sua presença. E é assim toda a vez. Faz parte da família, é considerado membro, e sei que ele a mim também considera.
Pensei no quão grande é o amor que o cão tem por seu dono. Incrível. O canino pode fazer coisas erradas, fugir, latir em hora desapropriada, rasgar uma meia, estragar um chinelo, que, ao ser xingado, o sentimento dele por você continuará sendo o mesmo. Minto. O sentimento será ainda maior. Mesmo se você xingá-lo, após você voltar da escola, trabalho ou seja lá de que local for, ele vai estar lhe esperando. Sim, lá estará ele, na varanda da casa, e acenando o rabo de forma muito rápida quando ele visualizar você. Agora pense por um momento em quantas pessoas fazem isso quando brigam com você.
Refleti. O cachorro é o maior exemplo de fidelidade para o mundo. Exemplo de amor, de companhia, de compreensão e sinceridade. De simplicidade, de beleza interna. Deveria ser o padrão base de todo o ser humano. Mas não é. Por isso existem os cachorros, que podem ensinar às pessoas tudo o que elas de boas podem ser. São os anjos de quatro patas. Sim, anjos existem. Pode parecer clichê, mas digo que sim. Alma puramente espiritual e dotada de personalidade própria. Animal virtuoso e formoso. São os caninos. São os que nunca vão nos abandonar.
Pensei comigo mesmo: até hoje, o cachorro é o animal mais amigo do homem que eu conheço. E que creio que possa existir. Fiel, leal, sempre contente, alegre, carinhoso. É uma sorte eles existirem no mundo.
Voltei ao momento e me encontrei ainda sentada embaixo da árvore. Fiquei observando meu cachorro debruçado em mim. Ao mesmo tempo em que o olhava, pensava em tudo. Por um instante quis que ele fosse uma pessoa, porque sua sintonia comigo era muito grande. Logo após descartei essa possibilidade, pois me atinei para o fato de que eu sabia que, como um ser humano, ele sabia tudo o que estava acontecendo. E, aliás, eu gostava de ser amiga de um canino. Estava ficando cada vez mais frio. Recolhi meu livro, apanhando a minha sacola e dentro dela a minha toalha. Levantei-me, o vento estava forte e muito gelado. Meu animal de estimação ficou observando-me entrar em casa até o momento em que escutara o barulho da chave dando um giro na maçaneta. Pude ver que então ele se acomodou ao sol. Eu, naquele momento, com grande sorriso no rosto, pude com certeza dizer para mim mesmo, em pensamentos, que eu não deveria queixar-me nunca da falta de um amigo enquanto tivesse o meu canino por perto de mim. Guardei meu livro na prateleira e me pus na cozinha para fazer-me um chá.
"Dê o seu coração para ele, e ele lhe dará o dele. De quantas pessoas você pode falar isto? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?" - John Grogan.