domingo, 25 de dezembro de 2011

Oitenta e oito verdadeiros anos de história.

     Natal é dia de agradecer por ter família e amigos ao nosso lado e também recordar de um grande gênio que por muito tempo fez história. Com um nome mágico, foi um comediante de calças ensacadas e bigode preto que provocou risos e lágrimas em milhões de criaturas. O rapazinho pobre de Londres que conquistou Hollywood com a sua inimitável mistura de drama e alegria: O Meu Mestre Charles Spencer Chaplin. Palhaço que, com imensa certeza, assim como meu pai, é uma das poucas personalidades que eu alimento grande admiração. Obrigada pelos oitenta e oito anos de história. E, acima de tudo, obrigada pelos ensinamentos, meus verdadeiros herois.
     “Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter de ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.”
                                                                                                   Do Mestre Charles Chaplin.
     Feliz Natal e Ano Novo, repleto de muita felicidade e de sonhos realizados.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Reflita.

    "Estou aprendendo a me perdoar com mais freqüência. A não exigir constantemente o melhor, a perfeição. Por longos anos exerci o papel de censor de mim mesmo. Com um persistente e severo olhar de juiz, sentenciava quando me entendia merecedor de alguma sanção. Hoje sei que é um método que paralisa, ao invés de estimular o crescimento pessoal. A crítica em excesso não nos permite ver que uma ação corresponde simplesmente a um determinado estado emocional. E que esse estado muitas vezes obedece a impulsos ou desejos que não podem ser controlados por nós. a falsa noção de que estamos invariavelmente no comando acaba gerando esse tipo de equívoco. Ver-se com mais benevolência pode ser a melhor maneira para mudar uma relação revestida pela seriedade e rigidez.
    É certo que a existência de um olhar analítico mínimo ajuda muito quando queremos quebrar alguns paradigmas. É comum encontrarmos pessoas que professam as mesmas ideias por toda uma vida e se orgulham disso. Sempre fui e sempre serei assim, dizem, com certa empáfia, todos aqueles que se ancoram em certezas absolutas. Felizmente a vida se encarrega de vergar-lhes a espinha. Muitas vezes essa ruptura se dá a partir de um acontecimento trágico, colocando outra perspectiva naquilo que parecia intocável. É preciso observar atentamente o que acontece conosco para não nos equivocarmos tanto. Ou para não acreditar tão cegamente em nossas próprias decisões. O que nos obriga a um constante exame das razões que estão por trás de cada atitude tomada.
    Como nos lembra o grande Fernando Pessoa, “não julgues ninguém, porque não vês os motivos e sim os atos”. As razões, próprias e alheias, sempre nos escapam. Somos exímios trapaceiros  quando precisamos nos autoproteger. Colocar o dedo em riste, independente da direção para onde ele aponta, não costuma dar bons resultados. A severidade engessa o comportamento, tornando-nos previsíveis aos olhos alheios. Antes de proferir sentenças definitivas, respire duas vezes. E observe, experiência a que nos furtamos tão seguidamente, pois o que se costuma descobrir nesses exames de consciência nem sempre é agradável.
    Há vezes em que me sinto combalido depois dessas exaustivas análises. Mas o maior ganho é que se pode estabelecer uma quebra no nosso padrão de comportamento. Quase nada é o que parece ser. Ou, quando é, revela-se apenas como uma possibilidade entra tantas outras. Clareie-se outro foco e pronto: como é que não vimos isso antes? Tanto a dor quando a alegria nos comprometem de tal forma que dificilmente conseguimos vencer o torpor que esses estados emocionais imprimem em nossa alma. Recusamo-nos a perceber o provisório que se esconde em cada situação, colocando nelas um carimbo definitivo.
    Reagimos com desconfiança diante da afirmação de que sofrer pode der uma questão de escolha pessoal. Mas em certo sentido é assim mesmo. Quando temos em nós a possibilidade da reflexão e a disponibilidade para bons e verdadeiros encontros, não é tão difícil mapear áreas desabitadas dentro de nós. Isso geralmente acaba por nos fornecer conforto quando tudo parece repleto de sombras.
    O perdão não se limita a uma aceitação tácita do que somos. Não dispensa o senso crítico e muito menos a frustração. O que ele promove é um olhar mais complacente sobre as causas que nos levaram a agir de determinada maneira numa circunstância específica. Não precisamos ser algozes de nós mesmos. Muito menos vítimas. Um bom roteiro de vida para a maturidade costuma incluir possibilidade de errar. Não existem rascunhos sem borrões. E muito menos alguém que já nasça em sua versão definitiva. Nossa humanidade se funda justamente aqui, na coragem de ir tateando no escuro em busca de uma réstia de luz que possa iluminar o rosto. Só assim conheceremos nossas feições."

Gilmar Marcílio, Pioneiro, 25/12/11.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"O mundo é de quem tem coragem."

"Jamais deixem alguém rir dos sonhos de vocês." Lucas Silveira.
"O que escrevo a seguir é um discurso para mim mesmo.
O que é prever o futuro, senão fabricá-lo com as próprias mãos?
Prever o futuro é moldá-lo com atitudes, inspiradas nos mais ousados sonhos. Não consigo lembrar de cabeça o nome de alguém que realizou seus sonhos sem ter, para isso, passado por todo tipo de obstáculos. E eu me encontro frente a uma antiga muralha que há anos se coloca em meu caminho. Paredes escorregadias de limo que não se deixam ser escaladas. Obstáculo. O que há do outro lado? Não sei. Mas não é do meu feitio ficar aqui, parado.
Digo isso porque há muito tempo conclui que não existe nada mais valioso do que um objetivo em mente. Um sonho, por que não? O sonho nada mais é do que uma realidade que pode assumir qualquer tamanho e forma que a gente conseguir imaginar. Se meus pensamentos conceberem uma jornada sem fim, sem objetivo aparente, ou até mesmo sem sentido, seria uma grande auto-traição não realizá-la. Não fomos dotados da capacidade de sonhar por acaso. Use-a.
Sejamos maiores. Tenhamos CORAGEM. Escrevo em maiúsculas por acreditar que essa é a única palavra que precisa realmente ficar nos olhos de quem está lendo isso. É uma luta em que ninguém vai entrar no ringue pela gente. NINGUÉM. Depender apenas dos próprios punhos é assustador, mas a cada obstáculo transposto, a gente aprende que – sempre – pode mais. O sangue que deixarmos espirrar será lembrança eterna do quão longe chegamos.
Eu sei qual é o meu futuro. Cabe a mim construí-lo.
A dor no peito daqueles que tiveram medo é infinitamente maior que a dor de quem tentou e caiu."
                                                                                          O Romance Está Em Apuros.

Hoje bateu uma vontade de postar um dos textos que eu mais gosto, então assim eu fiz.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Os mais velhos.

Estava esperando o ônibus, eu e minha melhor amiga. Uma velhinha surge. Cheia de sacolas, encasacada e com touca na cabeça, literalmente protegendo-se do frio.
Ela: Será que o ônibus demora para chegar?
Eu: Acho que não, faz um tempo já que estamos esperando.
Ela: Mas que bom, assim eu vou rápido e volto rápido, já que eu moro longe.
E ela puxava assunto. E sorria. E falava rápido. E se movimentava mais rápido ainda.
A cada palavra que ela dizia, um sorriso no seu rosto fazia-se presente. Deveria ter lá seus setenta anos e creio eu que bem vividos. Lúcida, querida. O sorriso dela me encantou. Saí do lugar onde estava sentada para dar espaço a ela, e ela ainda quis que eu e minha amiga ficássemos junto, afinal, “não saiam, tem lugar pra nóis trêis!” e mais um sorriso ela despertou. Eu tive vontade de apertar as suas bochechas e de abraçá-la. Que idosa mais querida. Tinha a animação de um adolescente e talvez até da minha idade. Uma disposição que eu nunca tive visto antes. Arrisco em dizer que por dentro ela era muito mais nova do que aparentava.
Cada algo que eu e minha amigas falávamos, ela nos observava e sorria. Virava a cabeça de lado e sorria, querendo que retribuíssemos o gesto. E foi o que fizemos. E fizemos muitas e demasiadas vezes.
Ela: Vocês olharam a previsão do tempo ontem de noite? Ainda bem que hoje tá mais quentinho. Porque tá muito frio, é. Muito frio...
Minha amiga: Verdade. Mas essa semana, o tempo vai melhorar e vai ficar mais quentinho...
E de novo a conversa ressurgia. E falava. E falava. E falava muito além do tempo e da temperatura.
Ela: Vocês são irmãnzes?
Eu e minha amiga: Não, somos só amigas.
Ela: Ah, muito parecidas, viu. Mas que bom ser parecida com as amigas. Vou contar pra vocês que outro dia na rua eu vi dois amigos, mas eram rapaizes, muito parecidos. Mas não eram nada de parentes, nada.
E sorria, com uma alegria de estar ali conversando conosco. Quando o ônibus chegou, ficou eufórica, falando alto: “Olha, chegou o ônibus! Esperou ter um monte de gente pra levar junto! Tchau, meninas! Muito obrigada pela conversa e pela companhia, viu.”
Mais uma vez, tivemos a vontade de abraçá-la. Fiquei pensando naquela Senhora por muito tempo. Ela conseguiu encantar o meu dia com o fato encantador do seu sorriso, ou até mesmo pelo seu jeito de falar “irmãs” e “rapazes”, ou por me mostrar tanta lucidez com tamanha idade. Fiquei feliz por ver uma idosa tão alegre e disposta. Gosto de ver positividade nos idosos. E fiquei pensando no quanto eles são importantes e em como as pessoas os tratam.
O idoso sempre é muito visto como “o chato”, “o irritante”. Quem causa irritação. Mas, não sei. Acho que todo mundo deveria valorizá-los de uma forma mais intensa. Alguém já parou pra pensar por quanta coisa um idoso já passou? Tudo o que vivemos, eles já viveram. Eles têm mais experiência, presenciaram mais momentos, pularam mais obstáculos. Deram vida aos nossos pais e consequentemente são fatores importantes que causaram a nossa existência. Por isso, acho fundamental que sejam respeitados. Mesmo que ele não escute direito ou não se norteie com mais facilidade. Eles devem ser tratados com paciência, como uma criança quando não entende o que dizemos. Eles merecem atenção e muitas vezes, até redobrada.
Não é motivo para que desprezemos porque fazem as coisas “erradas” ou não entendem algo facilmente. A idade aparece depois de um tempo. Ninguém gosta de ser tratado com indiferença, e eles são tão iguais quanto as crianças, jovens e adultos. Um idoso tem de ser respeitado, sempre. Seja ele lúcido, sagaz, perspicaz, “caduco”, engraçado, sério, bravo, feliz, ou contente. Eles têm importância para o mundo e sempre vão ter. Eles merecem ser respeitados, porque um dia também chegaremos ao lugar deles e perceberemos o quanto isso é importante. É muito essencial que saibamos que ninguém de nós vai chegar na velhice lembrando de tudo, com memória totalmente boa e entendendo absolutamente tudo.
Sente, converse, entenda, e, principalmente, escute muito das suas histórias e experiências. A certeza de que eles têm muitos contos interessantes para lhe contar, realmente é muito grande.  E, o mais importante de tudo: aproveite seus avós ao máximo, porque a possibilidade de que eles não estejam mais conosco do que qualquer outra pessoa, em breve, é ampla. Respeitando os idosos, estaremos respeitando e estando de bem com nós próprios.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Quando me amei de verdade."

"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome: auto estima. Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é autenticidade. Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de amadurecimento. Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é respeito. Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável: pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor próprio. Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é simplicidade. Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes. Hoje descobri a humildade. Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é plenitude. Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar, mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é saber viver."
Do Sempre Mestre, Charles Chaplin.

domingo, 3 de julho de 2011

Anjo de Quatro Patas.

           Foi num desses dias de inverno. Ou de outono, quem sabe. Não me recordo muito bem, mas foi numa estação fria do ano. O dia estava lindo. Típico dia de friagem que todo o gaúcho gosta, com sol. Excluindo, óbvio, o fato de estar ventando muito.
Por um momento esqueci-me dos meus compromissos. Estendi uma toalha de banho no chão e me dei por sentar no gramado de minha casa, frente às árvores e provavelmente embaixo de uma. O vento era gélido e os meus pensamentos continuavam vagando em minha mente – como sempre. Puxei meu livro de minha sacola azul marinho. De Volta para Casa, de John Grogan. Tirei o marca página que cobria a folha, 237. Prossegui a leitura.
Passaram-se cinco minutos. Fechei os olhos, fazendo de minha mente um ponto de reflexão. Sem intenção alguma, peguei no sono. Estava cansada demais. Na noite anterior, ocupei o horário de carga de dormir para dedicar-me ao estudo. Senti uma coceira na minha bochecha esquerda. Pensei que fosse só uma sensação, até que novamente a comichão se fez presente. Abri os olhos. Era o meu amigo de quatro patas.
Meu cachorro. Acariciei-o, passando a mão pelo seu pelo esbranquiçado, mais parecido com neve do que qualquer outra coisa. Meu urso polar particular. Instantes após, ele deitou-se sobre o chão e senti o seu focinho acomodando-se sobre minha perna direita. Olhei para ele, e ele imediatamente fixou os seus olhos em mim. Não moveu nem uma parte do seu corpo senão o rabo. Ele acenava, e acredito eu que era de felicidade. Sim, arrisco dizer que a minha companhia alimentava suas alegrias e de fato, meu canino, é um dos poucos seres que posso dizer isso, pois eu tenho a certeza de que o sentimento é totalmente recíproco.
Voltei a ler. Os olhos nas linhas tortas do livro, e o pensamento, agora, no meu animal. Estava sentindo a sua falta. Não era normal que ele não me acompanhasse, para qualquer lugar que fosse pela minha casa.
Fechei o livro, já não consegui mais concentrar-me. Esqueci de marcar a página que eu havia parado de ler, provavelmente próximas às poucas que eu tenha lido no momento, porque se bem me lembro peguei no sono muito breve.
Pensei no convívio com meu canino. Ainda posso lembrar do dia em que o vi pela primeira vez. Quando faleceu meu cachorro amigo inseparável, encontrei-me em estado de choque e um tanto quanto triste. Eu tinha nove anos e havia perdido uma parte de mim. É, uma parte, porque todos os seres que fazem parte de minha vida, automaticamente, são parte de mim. E meu anjo de quatro patas era uma parte muito grande. Foi difícil superar a sua perda.
Foi no mesmo dia de sua despedida que tive uma surpresa. Meu pai, ao contar sobre o que havia acontecido, disse-me para ir até o carro, pois nele teria um presente “muito especial”- nas palavras que ele utilizou - para mim. Fui até lá, abri a porta do carro. No chão do veículo, pude ver um filhotinho de cachorro. Akita Inu, cachorro sagrado do Japão, minha raça preferida. Parecia uma bolinha de neve, com o focinho totalmente de cor preta. Peguei-o no colo, tentando tomar as minhas dores pelo meu animal falecido. A partir daquele dia, a afeição que eu tive antes com o meu animal, se fez presente com o filhotinho.
Até hoje esse sentimento se faz presente em mim. Tenho demasiado amor por ele, e sei que ele por mim. Em tardes de trabalho, ele está ao meu lado, no meu quarto, fazendo-me companhia. Quando estou lendo em frente à lareira, ele também se faz presente. Segue-me quando caminho pelo jardim de casa. Quando ando pelo gramado, ele aparece por trás de mim e me surpreende com uma bela lambida na minha mão – sempre na esquerda – para que eu note a sua presença. E é assim toda a vez. Faz parte da família, é considerado membro, e sei que ele a mim também considera.
Pensei no quão grande é o amor que o cão tem por seu dono. Incrível. O canino pode fazer coisas erradas, fugir, latir em hora desapropriada, rasgar uma meia, estragar um chinelo, que, ao ser xingado, o sentimento dele por você continuará sendo o mesmo. Minto. O sentimento será ainda maior. Mesmo se você xingá-lo, após você voltar da escola, trabalho ou seja lá de que local for, ele vai estar lhe esperando. Sim, lá estará ele, na varanda da casa, e acenando o rabo de forma muito rápida quando ele visualizar você. Agora pense por um momento em quantas pessoas fazem isso quando brigam com você.
Refleti. O cachorro é o maior exemplo de fidelidade para o mundo. Exemplo de amor, de companhia, de compreensão e sinceridade. De simplicidade, de beleza interna. Deveria ser o padrão base de todo o ser humano. Mas não é. Por isso existem os cachorros, que podem ensinar às pessoas tudo o que elas de boas podem ser. São os anjos de quatro patas. Sim, anjos existem. Pode parecer clichê, mas digo que sim. Alma puramente espiritual e dotada de personalidade própria. Animal virtuoso e formoso. São os caninos. São os que nunca vão nos abandonar.
Pensei comigo mesmo: até hoje, o cachorro é o animal mais amigo do homem que eu conheço. E que creio que possa existir. Fiel, leal, sempre contente, alegre, carinhoso. É uma sorte eles existirem no mundo.
Voltei ao momento e me encontrei ainda sentada embaixo da árvore. Fiquei observando meu cachorro debruçado em mim. Ao mesmo tempo em que o olhava, pensava em tudo. Por um instante quis que ele fosse uma pessoa, porque sua sintonia comigo era muito grande. Logo após descartei essa possibilidade, pois me atinei para o fato de que eu sabia que, como um ser humano, ele sabia tudo o que estava acontecendo. E, aliás, eu gostava de ser amiga de um canino. Estava ficando cada vez mais frio. Recolhi meu livro, apanhando a minha sacola e dentro dela a minha toalha. Levantei-me, o vento estava forte e muito gelado. Meu animal de estimação ficou observando-me entrar em casa até o momento em que escutara o barulho da chave dando um giro na maçaneta. Pude ver que então ele se acomodou ao sol. Eu, naquele momento, com grande sorriso no rosto, pude com certeza dizer para mim mesmo, em pensamentos, que eu não deveria queixar-me nunca da falta de um amigo enquanto tivesse o meu canino por perto de mim. Guardei meu livro na prateleira e me pus na cozinha para fazer-me um chá.
"Dê o seu coração para ele, e ele lhe dará o dele. De quantas pessoas você pode falar isto? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?" - John Grogan.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Um momento e brilho curioso.

            Era uma noite fria de julho. Minha mãe estava preparando o café, e eu, agitado como sempre, estava por fora da casa, perambulando, caminhando, contando casos para os meus pensamentos. Se quer tive tempo de reclamar do frio, mas eu sei que ele estava tenebroso.
Pouco tempo depois, não mais do que cinco minutos, vi de longe meu primo chegar, vindo em minha direção. Saudações. Ele me pede, então, para ir com ele até o seu sítio longe para buscar o seu outro cavalo. Já era escuro, arrisco dizer que por umas sete e meia da noite, a hora em que minha mãe sempre costumava servir o café. Digo para ele que irei lhe acompanhar, mas o convido, primeiramente, para entrar e tomar um café conosco. E assim fizemos.
Logo após o café, montamos nos dois cavalos de meu primo. Eu, no menos hostil e ele no mais agressivo, um dos cavalos de corrida. De fato, fizemos a coisa certa, já que ele tinha mais habilidade ao montar e dominar um cavalo.
Curvamos à direita de minha casa, e encontramos um amigo nosso de tempos. Ele perguntou onde estávamos indo. Respondi que iríamos buscar o cavalo de meu primo. Ele questionou se poderia ir junto, então respondi que sim e acenei para montar na garupa de meu cavalo.
Andamos em direção a um parque cheio de árvores. Passaríamos por ali para chegar até o sítio. Mas ele ainda continuava sendo muito longe. O parque era um pouco abandonado. Não havia muitas pessoas que frequentavam o lugar, mesmo de dia.
Estávamos descendo o morro (em direção ao parque), quando de fato meu primo avistou uma pessoa. Nem eu, e nem meu amigo vimos, por isso tivemos a estranha sensação de incógnita quando meu primo parou bruscamente o seu cavalo. Então ele disse: “Olhem, vejo uma pessoa logo adiante.” Como era tarde da noite, por volta de umas quase nove horas, a hora em que saímos de minha casa, pedi para que ele perguntasse quem era. Ele perguntou, e ninguém respondeu. Gritou novamente a pergunta, e ninguém respondeu. Pedi que prosseguíssemos então, de forma com que nossos cavalos andassem mais apressadamente.
Andamos mais velozmente em direção à pessoa, para passarmos. Apenas estávamos com medo e não queríamos que nada nos acontecesse. Não sei realmente se era medo que sentíamos naquele momento, mas era uma sensação esquisita. Então, chegando mais próximo do homem que meu primo havia visto, o qual ele definiu como o personagem “Mancha Preta”, não vimos absolutamente nada. O que restava era apenas o silêncio vagando no local.
Mesmo com medo, decidi que eu iria entrar no mato do parque para ver se o homem ainda estava lá. Então desci do cavalo e meu primo e meu amigo ficaram observando. Entrei em meio às árvores e eles ficaram do lado de fora, na beira da rua. Caminhei, caminhei, e pude ver em minha frente, no chão, um iluminado em forma de círculo. Um pouco grande, digo que um pouco maior do que o tronco de um pinheiro. De princípio, pensei que fosse o reflexo da lua e coloquei, devagarzinho, a minha mão sobre, mas nada aconteceu. Olhei para cima e nada vi. Não poderia ser o brilho dela, pois também estava absurdamente escuro naquele lugar.
Então, novamente devagar, coloquei a mão sobre o iluminado. Um brilho fluorescente, a coisa mais linda que já teria visto em toda a minha vida. Peguei parte daquele brilho. Eram as folhas e galhos do chão, iluminados. Tive de colocar um punhado no bolso interno de minha jaqueta. A minha intenção de procurar o homem havia de fato sumido um pouco naquele momento, pois aquela luz me encantou de tal maneira que tive de chamar meu primo e meu amigo para verem. E então foi o que fiz. Eles vieram até mim com os cavalos, desmontaram dos mesmos. Olharam para o luminoso e ficaram impressionados, como eu também fiquei.
Continuamos a busca do sujeito, mas de nada vimos. Então resolvemos ir embora, com aquele fato ocorrido batendo fortemente em nossas cabeças. E, na saída do mato, já montado no meu cavalo, sinto algo pegar em meu calcanhar. Foi tão forte que me fez cair do meu animal. E quando eu já estava no chão, não vi nada. E nem meus amigos. Ficamos com mais uma dose de medo, montei novamente em meu cavalo. E de novo alguém ataca o meu amigo, montado na minha garupa. Caiu, montou novamente, e nada vimos. Então decidimos sair dali, porque não queríamos que nada nos acontecesse.
Nada de irmos ao sítio buscar os cavalos. Terminamos por voltar para minha casa, deixando o nosso amigo poucos metros antes da minha casa, na casa dele. Tirei o luminoso do bolso da jaqueta. Mostrei (ainda estava iluminado, e era maravilhoso) para meus irmãos, mãe e pai, que ficaram impressionados. Meu pai, destemido que só ele, quis voltar ao local. Então, meu primo não topou voltar conosco e decidiu por ir para casa.
Fui com o meu pai até o parque, dessa vez, a pé, e ele então pôde ver o que vi. Colocando a mão, como coloquei. Dessa vez, nada de homens e ataques. Tudo mais calmo e como antes, silencioso. Fomos para casa. Não quis dizer mais nada à respeito e fui para o meu quarto. Apenas deitei-me em minha cama. Custei para pegar no sono, pois nada tirava de minha mente aquele fato estranho, curioso, amedrontador e ao mesmo incrível, de minha cabeça.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A personalidade da minha vida.

   Determinei ler, na noite passada, os textos que elaborei no decorrer do ensino médio. Senti uma certa nostalgia ao fixar os olhos naquelas palavras, mas sorri. Sorri, por lembrar dos momentos. Sorri, por saber que eu não mudei. Sorri, por saber que eu mantenho sempre as mesmas ideias, e torno elas mais maduras com o passar do tempo. Sorri, por saber que a minha paixão por escrever sempre foi, é e será igual. Mas, principalmente, sorri, no momento em que abri um arquivo que alcançava como título: "Um alguém significando tudo na minha vida." Sorri mais do que por lembrar de tudo, e foi um sorriso mais que excelente, significante e exclusivo.
   Comecei, então, a ler aquele texto. Enfatizo o fato de ter sorrido do começo ao fim, e de sorrir exatamente agora neste momento em que lembro do que li e do que escrevo agora.
    O texto referia-se a um trabalho de aula. Tínhamos de escolher a personalidade do nosso ano, mas eu me senti no direito e obrigação de descrever, naquelas linhas, a personalidade da minha vida. Aliás, seria injusta comigo mesma se descrevesse a minha personalidade do ano. Eu trairia a personalidade da minha vivência. E assim eu fiz. Falei da pessoa que sempre deu mais significância ao meu mundo.
    Quem dera eu pudesse entender o porquê determinadas pessoas significam tanto na minha vida. É nesse ponto que torno o meu pior defeito como a melhor qualidade. O fato de ser extremista e sentimentalista. Gosto de ser assim quando percebo que vale a pena amar incondicionalmente algumas pessoas. Aquelas que se tornam algo vital. Que se tornam algo necessitável, insubstituível e irremediável na minha vida. É isso. Aquela pessoa que só pelo fato de existir, quando acordo e lembro dela, eu dou vida maior ao meu sorriso e ao brilho dos meus olhos. A pessoa que me dá motivos, me motiva e faz sempre eu seguir adiante, em qualquer passagem da minha vida. A pessoa que eu vejo a mais profunda bondade, simplicidade, sabedoria e conhecimento. A pessoa que eu sinto a necessidade de usufruir, aproveitar e valorizar. A pessoa que eu sinto admiração, orgulho e demasiada afeição. A pessoa que está sempre comigo. A pessoa que não me julgou pelos meus atos quando eu estava errada, mas que simplesmente me ensinou a andar pelo meu caminho de uma forma mais preciosa, olhando fixamente para o meu ponto objetivo. A pessoa que me adverte, e que, acima de tudo, me faz sorrir.
    Parei pra pensar desde quando esse amor nasceu em mim. Pensei, refleti e apreendi que esse amor já habitava em mim desde antes da minha nascença. É o amor grandioso junto do amor incondicional e de mais alguma substância que eu não sei descrever, mas que de uma maneira, faz a junção dos dois amores e o transforma no maior que eu posso sentir. Digo que é um amor demasiado grande, mas não sei intensificar o sentimento, e também não conseguiria. E nem quero. Gosto dessa sensação de não saber o quanto eu o amo, porque isso prova-me que não consigo delimitar e fixar limites para um sentimento tão lindo.
   Admiro-o simplesmente pela sua vivência e experiência. Pela sua paciência comigo. Pela sua sabedoria e conhecimento, como já citei. Admiro-o pela maneira como ele vive e encara quaisquer obstáculo da vida. Admiro o seu humor e o jeito de como ele faz todo mundo rir em reuniões familiares com o seu espírito jovem e engraçado. E o aprecio. E o observo. Sinto necessidade de dizer que observo os seus gestos, atitudes, e muitas vezes me pego com pensamentos de que no futuro serei igual - ou pelo menos similar. Tenho muito dele e me contento por isso. Queria que ele fosse o meu espelho. Quero que ele seja o meu espelho. Quero ser um pouco dele. Quero ser parte dele.Tenho traços dele.
   Percebo que o amor é grande ao me pegar pensando que amo-o também pelo mero fato de adorar o jeito como ele caminha, como fala, como xinga-me, como faz-me rir, como faz-me sorrir e também como faz-me chorar. Admiro-o pelo fato de ter conseguido ser alguém na vida, saído da miséria e ter me dado todo o conforto. Admiro-o por ter lutado para conseguir o melhor para ele, mas, principalmente, para mim e para todos da minha família. Admiro quando ele conta as suas histórias e gosto mais ainda quando conta de suas dificuldades. Confesso que fico cabisbaixa e com vergonha pelo fato de saber que certas vezes eu reclamo por nada, comparado às necessidades de que ele passou. Mas gosto de ouvir, porque valorizo melhor tudo o que tenho. Aliás, o que tenho de tudo. Admiro o fato de sua apreciação demasiada por música, e admiro o fato do seu jeito e a forma como os seus dedos tocam o seu acordeon. Admiro-o pela sua dedicação pela música, todos os dias, enfatizando as suas mais que duas horas de adoração pelo seu instrumento musical. Admiro a sua paixão excessiva por aviação. Admiro o seu hábito diário de ler, e foi dele que recebi a frase: "Ler deve ser um hábito diário. Sem leitura, tu não irás a lugar nenhum." Foi por causa dele que talvez tenha me virado costume abrir os seus livros e na primeira página, sempre ler tal citação que ele escrevia com uma caneta de tinta forte preta.
   Preciso dizer que esse amor será para sempre. É uma certeza grande da minha vida. Não sei como vou lidar quando não puder mais abraçá-lo, mais beijá-lo. Não sei como vou reagir no momento em que eu não puder mais desabafar ou pedir conselhos, ou até mesmo levar um xingão ou advertência básica. Ou quando não poderei mais fazer cafuné no seu cabelo. Mas procuro não pensar nisso agora. Eu sei, que, eu aprendi e sempre vou saber viver sem as pessoas que eu mais amo. Já perdi muitas e mesmo assim consegui seguir. Mas consegui, pela forma de que, eu sei que elas sempre estarão em mim. Sempre.
   Quero encerrar dizendo que gosto demais quando estou lendo em frente à lareira e ele está ao meu lado, narrando fatos da sua vida e da sua infância. Gosto da sensação do frio, do calor do fogo e do momento de estar lá com ele. Gosto do brilho dos olhos que vejo nele, porque sei que os meus, naquele momento, brilharam também. Nunca vou conseguir descrever tudo o que sinto, e principalmente tudo o que ele é e significa para mim. Obrigada por tudo. Obrigada por tudo, meu orgulho, meu heroi. Desde sempre, e para sempre.


   Existem pessoas que não estão no meu coração. Estão na minha alma, porque o coração, um dia, para.

sábado, 21 de maio de 2011

sábado, 14 de maio de 2011

"Amor significa enfrentar seus maiores medos."

     "Cinderela andava sobre cacos de vidro e limpava a casa. A Bela Adormecida deixou uma vida inteira passar. Bella se apaixonou por uma fera. Jasmine se casou com um ladrão. Ariel caminhou sobre a terra para o amor e a vida. Branca de Neve escapou por pouco de uma faca. Mulan se disfarçou de soldado e salvou sua nação. Era tudo sobre sangue, suor e lágrimas, porque o amor significa enfrentar seus maiores medos."

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Libélulas.

   Nunca se escreve num momento "normal". Há sempre uma extremidade. Nada é uma média. Não sei se isso é um problema, mas as palavras conseguem ser mais aperfeiçoadas quando isso de fato acontece, no meu caso. Parece que é como se um passarinho não saísse do seu ninho, encaixado numa árvore, num dia de chuva. Então quando o sol se abre, lá está ele. Sozinho ou com o seu bando, ele viaja por aí. Procura o que precisa. Mas ou é oito, ou oitenta. Ou ele fica cuidando dos seus filhotes, ou ele sai para procurar comida para eles. Ou para voar, ou para procurar algo que o satisfaça. É assim que acontece quando eu sinto vontade de escrever. Ou é tudo, ou é nada. Ou eu tenho vontade, ou não.
"Corra atrás da sua libélula, sem medo de se machucar."
   Queria explicar o sentido da imagem. Li um texto que fazia uma comparação de um sentimento importante com libélulas. Ah, queria dizer que ela não pica. Ela só mastiga. Acho que por isso, também, que ela foi comparada com esse sentimento. E, bom, a menina japa, ao fundo... Quem me conhece, sabe que uma das minhas paixões é crianças japas. Aliás, queria ser uma. Não sei porquê, mas esses olhos puxados - ainda mais numa criança que não sabe o que é mentir e é alheia a todas as mentiras e injustiças do mundo - me fascina. É, a criança é realmente o verdadeiro ser humano. Aquele que não mente, que fala o que pensa. Aquele que ao certo vai ouvir de seus pais: "Menina, tenha mais educação. Não é assim que se fala com as pessoas, essas coisas magoam, peça desculpas" (era uma verdade sincera, se é que me entendem) - me encantam de uma forma que eu pelo menos esqueço parte das coisas negativas existentes. Esses olhos me demonstram pureza, simplicidade. Talvez seja coisa da minha mente, e eu digo que "ainda bem" que eu penso assim. Todo mundo tem suas paixões, e fico feliz por eu ser apaixonada por uma coisa tão simples. Por crianças japas, por olhos, por olhos puxados. Olhos brilhando, olhos sinceros, olhos puros. Simplicidade, é isso.
   Andei pensando e cheguei a conclusão de que todo mundo deveria ter uma libélula. E nem todo mundo tem. É aquele bichinho, que, te incomoda, não te deixa em paz. Mas todo mundo deveria ter uma libélula. Sabe por quê? Porque no momento em que ela pousa perto da gente, é uma raridade. Ela parou ali por algum motivo. E você sabe que motivo é esse? Por mais que essa libélula te machuque ou te perturbe (aquele barulho chato de ela chegando já pode até lhe perturbar), nunca desista da sua libélula. Você não sabe o que ela pode te proporcionar. Ela pode te ensinar até a voar, da maneira dela. Então ela vai e te mostra o mundo de outro ângulo. Não aquele com os pés no chão, batendo sobre a terra. Mas aquele bem mais acima, bem mais alto do que você poderia imaginar. Ela pode te mostrar como ela vive e pode dividir com você tudo o que você vive, aprende, imagina. Vocês podem criar uma história linda juntos. Mas aí você acredita nessa libélula, cativa, e no final ela voa para longe. Tudo bem, eu sempre acreditei naquela citação do Pequeno Príncipe: "Você é eternamente responsável por aquilo que cativas". Nada na nossa vida é relevante. Nós sempre vamos ser responsáveis por tudo o que cativamos. Tudo acontece porque tem de acontecer, porque é destino. E eu acredito bem nisso. Acho que sou uma das poucas pessoas que acredita fielmente nele. E então essa libélula mostra pra você tudo o que você nem imaginava que existia, e te proporciona momentos maravilhosos, te faz criar visões diferentes, te faz mudar em algumas coisas, te fortalece em outras. E vocês aprendem, crescem, evoluem, juntos. E ela sempre vai estar lá. Sempre. Não importa o que aconteça, a sua libélula sempre esperará por você, naquele mesmo lugar em que vocês se encontraram. Só ela vai ser capaz de te mostrar que as coisas simples são as mais especiais. Procure a sua libélula e nunca, nunca desista dela. E vai ser pra sempre a sua "only one" libélula... Pra sempre. Ela vai estar lá, por ela, por você, por vocês.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Alguém.

          
Sorrir. Chorar. Ouvir. Falar. Rir. Destino. Ler. Palavras. Diálogo. Jornalismo. Chaplin. Escrever. Direito. Sensibilidade. Simplicidade. Cumplicidade. Sem paciência. Detalhes. Fim de tarde. Fotografia. Nuvens. Natureza. Animais. Violão. Música. Sonhos. Abraço. Mãos entrelaçadas. Saudade. Apego. Afinidade. Sinceridade. Intensidade. Pensamento longe. Sentimento. Alma gêmea. Mútuo. Reciprocidade. Importância. Eternidade. Extremo. Lembrança. Memória forte. Nervosismo. Teimosia. Rancor. Preocupação. Chuva. Sol. Frio. Pureza. Ironia. Essência. Ohana. Amor. Amizade. Moda antiga. Perfil jovial idoso. Cores. Lilás. Felicidade. Frágil. Forte. Touro. Birra. Orgulho. Ciúme. Drama. Futuro. Piada. Olhar. Cartas. Medo. Borboletas na barriga. Paisagem. Praia. Campo. Simpatia. Timidez. Cativo. Alguém sou eu.

segunda-feira, 28 de março de 2011

"Raro, puro e especial. Extraordinário."

   "Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?"
   Marley e Eu.

   Acordei com essa frase perambulando e dando passos frequentes em minha mente. Não me permitiu mais dormir, apenas coloquei minha cabeça sobre o travesseiro e ali fiquei, acompanhando os pingos que caíam ao chão decorrentes da chuva que não passava, que não parava, que não se curava, que não cessava.
   Estive pensando. Quanto tempo passou desde que as pessoas mudaram ou que resolveram mudar e que se viram no caminho da mudança. Quantas pessoas foram deixadas pra trás e quantas ainda estão por perto. Quantos sonhos sonhados e que hoje são realidades, e quantas ilusões as pessoas criam e sofrem por causa delas. Quanta coisa as pessoas gostariam que tivesse dado certo, e, quantas que nem imaginariam que poderia ter dado certo, deram muito mais. O inesperado acontece, as coisas boas sempre chegam. O que sempre é preciso aceitar é que o tempo passa e com ele as pessoas mudam. É aquela coisa, quem nunca mudou com o tempo. Em tempos passados, os sonhos eram diferentes, as amizades e os relacionamentos eram diferentes, agora, nem tanto iguais. Quanta coisa aconteceu, quantos fatos passaram, quantos momentos fizeram das pessoas mais vivas, mais "eu" e mais confiantes de si mesmo (e também não-confiantes).
   Amizades que permaneceram através do tempo, com desgastes, com pressões psicológicas e bobagens, e hoje, ainda são as mesmas. É aquela história de que o que é de verdade, não muda nunca. Eu sempre acreditei, juro. Almejei que não acabassem nunca, mas percebo que isso não depende só de mim, não enquanto estiver falando de pessoas. Sempre guardo com cuidado os ensinamentos do meu pai, e numa dessas aulas de escola da vida, aprendi que as pessoas não existem, elas coexistem. Por isso, nem tudo depende de somente uma pessoa. Todo mundo precisa "coexistir".
   Quantas pessoas lhe surpreenderam... Aquela amizade que era meio vaga, que não se restringia, que era meio independente... Ela surpreendeu, ela te ajudou muito mais do que todas as pessoas (poucas) em que você mais confia. As pequenas (e raras) demonstrações de afeto mostrou o que significou aquela amizade para você.
   A família é sempre aquele alicerce, o porto seguro, o ápice. E é verdade, concordo. Fatos acontecem, momentos decorrem, imprevisões sempre virão a ser presentes, e tudo o que fizemos é recorrer à família - uma das poucas que nunca vai lhe deixar só, na vida -.
   Aquele amor, aqueles sonhos compartilhados, momentos vividos, problemas divididos e alegrias multiplicadas. Um sentimento essencial, o puro, o bem, a confiança, a maturidade, a intimidade e sobre tudo, a segurança. Alguém a quem apelar nas situações ruins, para desabafar em choro em braços, pra não largar os braços daquele abraço. Alguém assim, insubstituível e especial, alguém que com certeza você não se veria sem.
    Mas, afinal, pensei, pensei e pensei e cheguei a conclusão de que só três pessoas fazem eu me sentir rara, pura e especial. Só três pessoas fazem eu me sentir extraordinária. Não sou egoísta em dizer isso. Todas as pessoas que estão e passaram pela minha vida são importantes demais, mas só três (é, só três) fazem eu me sentir assim. As outras, também. Mas só essas três fazem eu me sentir alguém extraordinário a todo o momento. De todas as pessoas que você conhece, de todas as pessoas importantes e insubstituíveis na sua vida, quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?
   Se passar dos dedos de uma mão, considere-se alguém de sorte. Mas, pense bem... Talvez aquelas que não preencham nem uma mão, são as que mais se dão bem na vida. Escolhem poucas, mas escolhem as mais qualitativas, com mais personalidade e mais insubstituíves. É, sabe aquelas pessoas que nunca vão te deixar sozinhas na vida? Então... É a essas a quem eu me refiro.